25 fevereiro, 2015

Ao invés de dizer que tá com saudades, apareça!


“Tem gente que vira lembrança. Tem gente que vira passado. Tem gente que se vira para estar do seu lado”, escreveu um sábio escritor que se chama Antônio (@eumechamoantonio, no Instagram).
E é a respeito desse tipo fantástico de gente – que dá um jeito de estar ao nosso lado mesmo em dias de tempestade, trânsito infindável e manifestação da Paulista – que eu falarei nesta coluna.
Mas antes de escrever a respeito deles, dos fodões que criam escadas e que destroem muros para chegarem até nós, eu gostaria que você prestasse muita atenção no diálogo abaixo:
– E aí, tudo bom?
– Tô ótima e você?
– Também, Má! Precisamos marcar de tomar umas.
– Também acho!
– Vamos ver se conseguimos na semana que vem?
– Vamos sim.
– Fechado.
– Fechado.
E aí, além de incompleto, soa familiar? Eu sei que sim, minha cara, e aposto que o seu WhatsApp está cheio de conversas como essa, que começam como se as partes estivessem verdadeiramente decididas a gerar um encontro, mas que, no final das contas, por falta de iniciativa concreta, ou seja, de sugestões de data, dia, hora e lugar, acabam sem levar à nada, nem a um cafezinho curto.
Como sei disso? Porque eu – assim como você – diversas vezes já permiti que a preguiça aparentemente mortal e o cansaço gerado pela rotina incômoda da megalópole dominassem o meu ser e me fizessem aceitar ser cúmplice de papos mentirosos como o que eu citei acima, incitados e construídos com o objetivo de manter as nossas consciências limpas.
Consciências limpas SIM, irmã, pois manter esses rotineiros, breves e superficiais contatos – nos quais fingimos interesse em marcar um encontro, mas que nada de objetivo propomos para que isso ocorra – é uma atitude que utilizamos para não nos sentirmos ainda mais ausentes do que já estamos, um placebo que engolimos semanalmente para que sejamos capazes de suportar a dolorosa verdade: somos assustadoramente individualistas, a ponto de trocarmos, por duas horas de sono, um encontro com uma amiga de longa data.
É duro ler isso, não é? Para mim também é, acredite. Mais doloroso ainda é assumir que começamos a acreditar – ou será que começamos a nos enganar? – que papos virtuais, quinzenais e extremamente rasos são suficientes para mantermos elevada a chama de uma relação. Pois não são. Eles, no máximo, não nos deixam ser esquecidos ou dados como mortos. Nada além.
As formas de contato virtuais e rasas (WhatsApp, Facebook e afins) que – de acordo com a minha opinião, ok? – deveriam apenas quebrar um galho quando uma forma de contato físico e profundo não é possível, definitivamente, estão ganhando o papel principal, e fazendo com que bilhões de pessoas se esqueçam do quão essencial para as amizades é o tapinha nas costas, o cheiro de gente, o abraço apertado, o brinde sonoro e outras coisas que, por enquanto, só rolam fora de telinhas e quando existe proximidade física.
É claro que é mais cômodo e prático dar um “alô” pelo WhatsApp. É óbvio, também, que um papo via Facebook é muito mais fácil de ser marcado e realizado, principalmente em cidades gigantes e caóticas como São Paulo, nas quais o deslocamento está a cada dia mais difícil e demorado. Mas precisamos parar de crer que esses tipos de contato sem profundidade são suficientes para que usufruamos, de fato, do que as relações podem nos oferecer de melhor. Pois não são, repito.
Você precisará ter em mente que se quiser alimentar uma amizade – não apenas com migalhas que nada nutrem! -, também precisará lutar contra o seu individualismo. E precisará ter a ciência de que em prol da realização de encontros reais você terá que deixar zonas de conforto, abrir mão de horas de sono, gastar mais dinheiro do que estava planejando e enfrentar engarrafamentos infinitos. Faz parte.
Pare de se enganar e acreditar que é uma boa amiga porque, todo dia, manda um “Tudo bem?” por WhatsApp”. Isso tão inútil quando marcar presença sem assistir à aula. Saca? É autoenganação.
“Mas ela, assim como eu, também não faz esforço algum para que um encontro ocorra!”, você me dirá, tentando arrumar uma justificativa para o tempão que não a vê de perto e fora do celular. Mas essa sua lógica de filha mimada que sempre tenta se livrar da culpa para mim não funciona, não cola, não serve. Porque os ciclos viciosos, para serem quebrados, geralmente precisam de um ser virtuoso – e capaz de enxergar que devolver ignorâncias, na mesma moeda, é a maior das idiotices. Entende o que eu quero dizer? Em outras palavras, pessoas fodas como as descritas na primeira frase deste texto não esperam uma atitude positiva para, só então, tomar outra. Eles simplesmente agem, fazem acontecer, criam pontes para a perpetuação e estreitamento de laços. Está me entendendo?
Você precisa ser melhor – e não IGUAL! – do que aquela sua amiga que raramente toma uma iniciativa para estar com você. E como fazer isso? Quando ela não ligar, ao invés de também não ligar e, consequentemente, contribuir para que nada entre vocês aconteça, pegue a porra do telefone e faça um convite irrecusável! E se ela disser que o bar que você escolheu é longe, proponha um boteco bem próximo ao apê dela; ou diga que levará as cervejas até o quarto do qual ela diz não querer sair. Entende o ponto? Se o outro não se virar, vire-se. Alguém precisa quebrar a inércia, certo? E quando a sua amiga disser algo como “Vamos marcar de tomar umas na semana que vem?”, responda logo com alguma sugestão de plano concreta: “Ótimo! Que tal na quinta, às 20h00, naquele bar no qual a porção de provolone é deliciosa?”. E se ela disser “Na quinta eu não posso”, não desista e mande logo um “Então na terça? Ou prefere na sexta?”. E se ela continuar a negar e a dar desculpinhas esfarrapadas, você precisará ser corajosa e mandar a real, por mais ardida que a real possa parecer: “Eu quero encontrar com você, mas você nunca pode. Está mesmo a fim de me encontrar?”.
Não sei você, minha cara, mas minha principal meta para 2015 é reclamar menos da falta de iniciativa dos meus amigos e tomar mais iniciativas para que eles fiquem sem motivos para reclamar da ausência da minha presença física. Como eu farei isso? Responderei 100% dos “Vamos tomar umas?” com duas sugestões de dia, hora e local. Simples assim. E só aceitarei que recusem os meus convites em caso de Ebola, ménage com gêmeas suecas ou abdução.
Obs: o título deste texto foi inspirado na frase “Por uma vida com menos ‘estou com saudades’ e mais ‘desce que tô te esperando’”, escrita por um autor que eu, infelizmente, desconheço.
Ricardo Coiro

15 fevereiro, 2015

Amigos



Costumamos dizer que amigos de verdade são os que estão ao seu lado em momentos difíceis... Mas não! Amigos verdadeiros são os que suportam a tua felicidade! Porque em um momento dificil qualquer um se aproxima de você. Mas o seu inimigo jamais suportaria a sua felicidade! 


Pe. Fábio de Melo

22 janeiro, 2015

Frequência afetiva, qual é a sua?


Dias desses mandei um inbox parabenizando uma amiga querida pelo seu aniversário. Na verdade, eram votos atrasados, já que ela tinha aniversariado no dia anterior. Ao agradecer meu pequeno textinho, ela escreveu: “gratidão pelo carinho e energia positiva, também por aceitar minha frequência afetiva”. Eu nunca tinha lido essa expressão “frequência afetiva” e ela ficou na minha cabeça por alguns dias. Propositalmente, não perguntei a ela o que aquilo significava porque eu simplesmente quis atribuir o meu sentido para aquela expressão tão especial, usada em um contexto tão carinhoso, por uma pessoa tão profunda.
Comecei a pensar que todos nós tínhamos a tal frequência afetiva. Essa ideia talvez estivesse diretamente ligada ao nível de presença que exercemos na vida das pessoas importantes para nós e também a forma como demonstramos isso. Pensei então em alguns exemplos de amigos que possuíam frequências afetivas muito especificas:
– A Natalia é uma amiga dos tempos de faculdade muito querida. Era daquele tipo do fundão que se infiltra no seu grupo sem você convidar, mas que no fim fazia tudo certinho. Sua característica marcante era o fato dela apreciar novelas do canal Viva – isso era um segredo dela. Depois que deixamos de conviver, comecei a perceber que eu só conseguia marcar algo com ela de seis em seis meses, em média. Que se eu tentava marcar coisas com intervalos menores, por algum motivo, o role não saia. Passei a aceitar que esse era o tempo dela e que isso não diminuía a minha importância em sua vida. Até hoje mantemos essa amizade tão especial quanto semestral.
– Tem a Carol que foi minha amiga da época de acampamento. A Carol é muito intensa e já viveu as fases mais exóticas que você pode imaginar. Ela já quis ser cigana e atriz, já foi para Brasília para defender ideias de esquerda, já morou nos Estados Unidos e em Londres e hoje trabalha como professora. O fato é que nessas fases de turbilhão a Carol sumia por muito tempo, tipo quatro anos, e depois reaparecia do nada. Depois, sumia novamente por tempo indeterminado e eu nunca sabia em que momento da vida eu encontraria ela novamente. Nossa amizade sempre teve esses intervalos bruscos, sem data para a próxima vez. Há dois meses a Carol me chamou para ser padrinho do seu casamento. E eu me dei conta de que essa falta de obrigatoriedade temporal na nossa amizade pouco influía na consideração que um tinha pelo outro.
– Tem o exemplo da Divimary. Nós temos uma amizade cinéfila. Nossos encontros são assíduos até hoje. Ao menos uma vez por mês damos um jeito de marcar nosso café com cinema. Desde os tempos de faculdade, nos acostumamos a passar tardes na Rua Augusta, regadas a filmes de todos os tipos e passeios sem destino. Ela é daquele tipo de amiga que para te ajudar, manda o seu currículo sem você saber e chega a ir à entrevista de emprego junto pra te dar apoio moral. É daquelas que te dão apoio quando você esta começando algo incerto e faz propaganda positiva sobre você para todos os outros amigos dela. É engraçado que mesmo não fazendo por ela exatamente na mesma medida o que ela faz por mim, tenho a certeza que ela aceita a minha frequência afetiva.
A ideia de “frequência afetiva” a meu ver envolve muito de aceitar o que o outro tem pra te oferecer, mas principalmente o que ele não tem. Nos últimos meses passei por diversas situações em que eu tive que dizer não para alguns amigos e pessoas queridas. A verdade é que quanto mais relações afetivas você tenta manter, mais você tem que disponibilizar o seu tempo e fazer escolhas em prol delas. Muitas vezes, essas escolhas não vão favorecer um amigo seu e a maneira como ele reage a isso é um momento importante para que você se descubra seletivo em suas relações. Às vezes você não diz não por egoísmo, às vezes você diz não porque tinha outra prioridade. Você conhece verdadeiramente as pessoas – que supostamente gostam de você – quando observa como elas se comportam diante desse não. Existe a situação oposta: aquelas amigos que nunca podem fazer nada, que de 100 convites, topam apenas um. Eu não deixo de ser amigo dessas pessoas por isso, mas elas deixam de ser prioridade na hora de pensar em quem vou chamar pra ir pra balada ou pro teatro. Na minha escala de amizades assíduas, os amigos que costumam topar coisas em cima da hora costumam naturalmente estar no topo das minhas prioridades.
Essa aceitação vale para todo tipo de relação, inclusive para as familiares ou para os namoros. Existem relações familiares que se estabelecem apenas pela convenção das datas comemorativas. Primos que você vê somente no Natal e que talvez você não procure durante o ano exatamente por isso. Porque esse tipo de frequência estabeleceu-se na relação com eles e não porque no fundo você só os vê pela obrigação da data. A frequência também envolve o jeito de demonstrar afeto. No mundo também existe gente que “não gosta” de receber ou demonstrar afeto ou que não é de abraço, pior ainda se for demorado. Tem até gente que não lida bem com elogios. E essa negociação de espaços é muito importante. Saber colocar em prática a arte da empatia tentando entender e tolerar o outro da maneira como ele é, caso você faça questão da relação.
Não tem como finalizar esse texto sem tocar em um tipo de frequência afetiva extremamente importante na vida virtual. A frequência de likes. Existem aqueles amigos que não são de entrar na internet ou de interagirem em redes sociais. Tem os que leem você em silêncio ou aqueles que simplesmente têm preguiça do que você escreve – não necessariamente preguiça de você. Existem os que usam o like como uma forma de vínculo/interação/ manutenção de relação. Existe até aquela pessoa que estranhamente só da like quando você conta alguma zica que te aconteceu. Existe também o ciúme. – Por que ela vive dando like no amiguinho e não em mim?
Na vida conjugal as coisas ficam um pouco mais delicadas. Quanto menos expectativas sobre o seu par melhor. Mas e pra baixá-las? É difícil entender que existem parceiros que se esquecem de datas importantes ou namoradas que não sentem ciúme de você e pronto. Aceitar uma vida a dois tem muito de estarmos preparados para tudo o que não iremos receber. Você está preparado para não receber? Você está preparado para receber, só que não exatamente da forma que esperava? Você respeita a frequência afetiva dos outros?
Eduardo Benesi

20 janeiro, 2015

O direito ao delírio


"Mesmo que não possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos o direito de imaginar o que queremos que seja.
As Nações Unidas tem proclamado extensas listas de Direitos Humanos, mas a imensa maioria da humanidade não tem mais que os direitos de: ver, ouvir, calar.
Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar?
Que tal se delirarmos por um momentinho?
Ao fim do milênio vamos fixar os olhos mais para lá da infâmia para adivinhar outro mundo possível.
O ar vai estar limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das paixões humanas.
As pessoas não serão dirigidas pelo automóvel, nem serão programadas pelo computador, nem serão compradas pelo supermercado, nem serão assistidas pela televisão. A televisão deixará de ser o membro mais importante da família.
As pessoas trabalharão para viver em lugar de viver para trabalhar.
Se incorporará aos Códigos Penais o delito de estupidez que cometem os que vivem por ter ou ganhar ao invés de viver por viver somente, como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca.
Em nenhum país serão presos os rapazes que se neguem a cumprir serviço militar, mas sim os que queiram cumprir.
Os economistas não chamarão de nível de vida o nível de consumo, nem chamarão qualidade de vida à quantidade de coisas.
Os cozinheiros não pensarão que as lagostas gostam de ser fervidas vivas.
Os historiadores não acreditarão que os países adoram ser invadidos.
O mundo já não estará em guerra contra os pobres, mas sim contra a pobreza.
E a indústria militar não terá outro remédio senão declarar-se quebrada.
A comida não será uma mercadoria nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direitos humanos.
Ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão.
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo, porque não haverá crianças de rua.
As crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro, porque não haverá crianças ricas.
A educação não será um privilégio de quem possa pagá-la e a polícia não será a maldição de quem não possa comprá-la.
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas, condenadas a viver separadas, voltarão a juntar-se, voltarão a juntar-se bem de perto, costas com costas.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde mental, porque elas se negaram a esquecer nos tempos de amnésia obrigatória.
A perfeição seguirá sendo o privilégio tedioso dos deuses, mas neste mundo, neste mundo avacalhado e maldito, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como se fosse o primeiro."
- Eduardo Galeano

16 janeiro, 2015

Conto de fadas!



Uma manhã, a gente acorda e diz: "Era só um conto de fadas..." 
E a gente sorri de si mesmo. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. 
Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade na vida.

Antoine Saint-Exupéry

Dez verdades eternas que aprendi com “O Pequeno Príncipe”


1 – “Os baobás, antes de crescer, são pequenos.”
Nunca deixar para amanhã a minha faxina interior.
2 – “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
Preciso ter paciência com as minhas próprias limitações até as minhas asas ficarem prontas.
3 – “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar – replicou o rei. A autoridade baseia-se na razão.”
É desumano exigir do outro a entrega de algo que não lhe pertence. Não posso administrar a posse do outro, muito menos poderia administrar as suas lacunas. Assim, que eu cuide, então, das minha carências!
4 – “Tu julgarás a ti mesmo – respondeu-lhe o rei. – É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.”
Pensar na vida alheia, nas qualidades alheias é uma distração medíocre. Mais vale o autoconhecimento do que ter decorado a biografia de centenas de outros.
5 – “As estrelas são todas iluminadas… Será que elas brilham para que cada um possa um dia encontrar a sua?”
O universo colabora, dando-nos a luz de indizíveis estrelas. Resta-nos treinar a própria visão para que as saibamos enxergar.
6 – “Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás, para mim, único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.”
As pessoas se permitem cativar por vontade. Talvez inconscientemente, mas por vontade própria. Quando existe um laço assim, de encantamento construído, nenhum silêncio e nenhuma distância lhe pode vencer.
7 – “A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa. – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.”
O homem, na pressa cotidiana, habituou-se à superfície das coisas, dos relacionamentos. Habituou-se à superfície de si. Por isso estamos tão distantes da verdadeira saúde mental. É essa pressa que faz adoecer os homens.
8 – “O essencial é invisível aos olhos.”
Tudo o que vemos é provisório, parcial. Distorcida é a realidade que nos cerca. Aquilo que de fato é ressoa no abstrato, tem vigas invisíveis na alma e não cabe na palma de nenhuma mão.
9 – “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.”
A importância do outro não reside no outro. Reside em nossa aptidão interior de dispensar a ele o melhor de nós mesmos. É o nosso coração que faz com que o outro se torne tão especial.
10 – “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
Talvez a frase mais famosa do livro. É uma assertiva que dispensa explicação. Toda e qualquer fala seria inútil. Se quiseres compreender, exercita-te. Cativa! E cativa-te primeiro a ti. Só assim dimensionarás a responsabilidade de tudo aquilo que é eterno.
Por Nara Rúbia Ribeiro
Disponível em: http://www.contioutra.com/dez-verdades-eternas-que-aprendi-com-o-pequeno-principe/

17 agosto, 2014

Amor inútil



Quando o amor é inútil. Quando você entrega sua vida, sua casa, sua paixão, seu tempo, ainda é inútil. Quando você muda sua personalidade, fica silencioso, mata a ansiedade, ainda é inútil. Quando você responde alto e se envaidece da passionalidade, ainda é inútil. Quando você engole a razão, cospe o perdão, ainda é inútil. Quando você emagrece, quando você engorda, quando você some, ainda é inútil. Quando você se arruma para provocar ciúme, ainda é inútil. Quando você avisa de cada passo e de cada palavra, ainda é inútil. Quando você fuma, para de fumar, bebe, para de beber, ainda é inútil. Quando você só elogia, só descreve momentos bons, ainda é inútil. Quando você só critica, reclama das tristezas, ainda é inútil. Quando você faz graça para aliviar a tensão, ainda é inútil. Quando você mantém pose de sério, ainda é inútil. Quando você não mente mais, é direto e óbvio, ainda é inútil. Quando você é fantasioso e exagerado, ainda é inútil.

Não aprendeu a lição: inútil. Quando você adivinha, deveria perguntar. Quando você pergunta, deveria adivinhar. Portanto, inútil, inútil. Será sempre inútil.

Quando você é submisso, ainda é inútil. Quando você é vingativo, ainda é inútil. Quando você não discute, espera o tempo acalmar, ainda é inútil. Quando você briga para ganhar uma declaração, ainda é inútil. Quando você viaja para procurar lembranças felizes, ainda é inútil. Quando você lembra o início do namoro, ainda é inútil. Quando você se imagina envelhecendo junto, ainda é inútil. Quando você esconde sua resignação, reprime a saudade do sexo, ainda é inútil. Quando você grita por companhia, pede beijo e abraço, ainda é inútil. Quando você chora, toma banho no escuro, ainda é inútil.

Quando você se vê cheio de esperança, arruma surpresa, compra presentes, ainda é inútil. Porque a esperança é também só sua. A fé é também só sua.

Quando você planeja casa, sonha com filhos, ainda é inútil. Quando você desiste dos planos para viver um dia de cada vez, ainda é inútil. Quando você se separa para acordar a relação e nada vem, nada tem importância, nada pode ser feito, ainda é inútil. Quando você chama de volta, junta os pedaços, cola as fotos, ainda é inútil.

Amor inútil. Tudo o que não é suficiente é inútil. Será inútil.


Fabrício Carpinejar

18 julho, 2014

Reverbera-te



O silêncio não coube
em um metro e noventa
e quatro de mim.
reverberou nas paredes
da sala e voltou na forma
de poema.

é assim que o dia nasce
quando a noite nos traz 
seus problemas.

o silêncio já não cabe
em teus olhos.

reverbera-te!

Severino