28 junho, 2014

Sobre você



Sobre você, eu espero ou esqueço? Compareço ou desapareço?
Confio ou coloco as barbas de molho? Acredito, arrisco, entrego tudo ou apenas observo o andar da carruagem?
Sobre você, eu tenho um punhado de incertezas, escrevi um tantão de poesias, conheci detalhes impressionantes e por eles mergulhei a cara na lua, como um ato insano. 
Sobre você, eu guardo as histórias dos vendavais que enfrentei para depois descansar por uns minutos na calmaria dos abraços ofertados. Guardo a rima da canção, o cheiro amadeirado no ar e a angústia das esperas que me fizeram esfriar as mãos e dizimar a minha tranquilidade interna.
Tudo sobre você, é quase uma multidão de outros humanos arrancando fortes alegrias que eu consumi com todo gosto. Sobre você, tem ainda a poesia no rodapé do caderno, cuja inspirada efervescência, surgiu nos dias mais escuros. Tome nota disso e diga-me o que faltou eu saber sobre você.
E sobre você, o que é capaz de causar em mim? Inquietação, angústia, impaciência.
Disseram que são sintomas de sua importância e eu bestamente não soube lidar.
Sobre você havia um perigo incrível, o dilema de uma atração sem pressa pra acabar.
Sobre você havia ainda uma necessidade inata. A lei da gravidade que nunca me deixou ir de uma vez por todas. Um imprevisto sedutor. Vagarosas e insinuantes vontades
Sobre você que não houve rompimento, promoções explosivas de afeto, nem promessas de continuar.
Sobre você que não posso tocar, ainda é pra esperar? 


Ita Portugal

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