16 março, 2014

HOMEM SE APAIXONA FÁCIL, MAS AMA DIFÍCIL



Homem se apaixona fácil, o que ele tem medo é de amar.

Mulher não se apaixona fácil, mas não tem medo de amar.

São dois fusos diferentes. São duas realidades em desacordo.

Homem logo se entrega para um relacionamento, não mede esforços para ficar com alguém, renuncia sua vida e seus prazeres mais essenciais, altera sua rotina. Na paixão, sua generosidade é corajosa. Facilita as saídas aos bares e restaurantes, facilita a intimidade na casa, facilita o arrebatamento. Nada incomoda, nada atrapalha, nenhum defeito é contabilizado.

Sua complicação é quando passa a amar, quando larga a fase da aventura e do desconhecimento dos meses iniciais para fazer plano junto. Daí ele estaciona, emperra. Tanto que sofre horrores para dizer o primeiro eu te amo. Tanto que sofre horrores para misturar as escovas de dente. Tanto que sofre horrores para dividir as prateleiras. É como se não pensasse até aquele momento.

Na paixão, ele não avalia as separações anteriores, suas falhas de sistema, suas fobias de convivência. Explode por intuição, desmemoriado. É vir o amor que ele recua, entra em julgamento, contrai o olhar e economiza as palavras. É consolidar os laços que se confunde, acumula receios e inventa desculpas.

A mulher é exatamente o contrário, e bem mais coerente. Leva tempo para se apegar, questiona de saída, é desconfiada na paixão, cética na paixão, contida na paixão. Sofre passo a passo. Empenha malha fina da personalidade na apresentação. Sua instabilidade é de imediato, sua crise de consciência é no começo. Quando descobre que gosta realmente, é que se liberta e derruba suas defesas. É realizar projetos e formular expectativas que se solta e se desinibe. Para ela, o amor acontece mais natural do que a paixão. Paixão é choque, dói; amor é costume, cicatriza.

Homem diz “Não quero me envolver”. A mulher diz “não quero me apaixonar”. As declarações são representativas. Ele recusa intimidade após o contato, ela pretende evitar qualquer contato, já que a intimidade não a assusta.

Homem mergulha para reclamar da água. A mulher experimenta a água antes de entrar.

Homem tem primeiro certeza para depois duvidar. A mulher duvida até cansar sua cautela.

Homem oferece tudo para retirar gradualmente. A mulher esconde tudo para oferecer aos poucos.

Homem se mostra desembaraçado e, em seguida temeroso. Mulher se apresenta temerosa e, em seguida, desembaraçada.

Homem decide rápido para desmanchar lentamente sua convicção. Mulher demora a se decidir, mas não volta atrás.

Homem é paixão. Mulher é amor.


Carpinejar!

Publicado no jornal Zero Hora
Revista Donna, p.6
Porto Alegre (RS), 16/03/2014 Edição N° 17734

20 fevereiro, 2014

A paixão não pele licença



Eu disse “sim” ao inevitável. Eu disse “sim” ao imprevisível. Só disse “não” para as tentativas de tentar controlar variáveis imprevisíveis como as do coração e para o medo que só serve como uma âncora que nos enraíza em águas falsamente seguras e sem sal.

Ricardo Coiro em: A paixão não pele licença.

O texto completo: http://www.revistacatwalk.com.br/a-paixao-nao-pede-licenca/

14 fevereiro, 2014

Soneto 35.


Não chores mais o erro cometido; Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho; O sol no eclipse é sol obscurecido; Na flor também o inseto faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto, Que te sobram razões de compensar Com essas faltas minhas tudo quanto Não terás tu somente a resgatar;
Os sentidos traíram-te, e meu senso De parte adversa é mais teu defensor, Se contra mim te excuso, e me convenço
Na batalha do ódio com o amor: Vítima e cúmplice do criminoso, Dou-me ao ladrão amado e amoroso.
William Shakespeare

09 fevereiro, 2014

Liga da justiça - Arte de Fatturi



Os homens só confessam seus problemas aos amigos quando a casa caiu, quando o casamento desmoronou, quando o fim está sacramentado.

Nada mais pode ser feito, estão oficializando a notícia.

Os amigos são solicitados para socorrer a fossa, não como prevenção da dor; são requisitados para beber as mágoas: dividir o uísque da solidão, a cerveja do desamparo, o conhaque do ressentimento.

Muito distinto do ritmo feminino, que presta uma consultoria permanente às amigas durante os atritos do casamento.

O homem procura seu amigo para esquecer um amor rompido, a mulher procura sua amiga para salvar o amor em apuros.

Sim, por que você acha que sua mulher discute tão bem, tão senhora de si?

Ela está preparada para a DR, recapitulou o que precisava dizer e como dizer com suas amigas, levantou os pontos negativos e os positivos das exigências, assimilou o contraditório com a versão e experiência de suas confidentes.

Na refrega sentimental, ela antecipa suas respostas, não é verdade?

Ela desarma suas opiniões, não é verdade?

Não fica impressionado com o poder e a velocidade do raciocínio dela, o quanto é adulta e equilibrada, enquanto você, do outro lado, espuma raiva, infantilidade e insegurança?

É que ela teve a humildade de pedir opinião para suas colegas, com o objetivo de evitar injustiças. Formou um ibope das diferenças e das dificuldades e carrega as informações privilegiadas para dentro de sua casa.

Não é curioso que antes de uma conversa séria sua esposa ou namorada tenha saído com as melhores amigas na noite anterior?

Elas treinaram o discurso do qual seria vítima. Vírgula por vírgula. Ponto por ponto.

Sua cara-metade chega para o papo com uma oratória de Angela Merkel, uma firmeza de Oprah. É impossível contê-la.

Compreenda que uma mulher jamais toma alguma decisão sozinha. Ela é uma multidão. Ela é um conselho de leitor. Ela é uma reunião ministerial.

São três ou quatro mentalidades pensando ao mesmo tempo em sua cabeça. É como jogar xadrez com um computador. Não tem chance. O que ela fala é absolutamente lindo, honesto, real, comovente, por várias perspectivas. O que resta fazer é pedir desculpa, mesmo que desprovido de culpa.

Já fiquei abobado em várias DRs, exclamando para mim mesmo: – Como ela domina nosso relacionamento, como tem consciência de tudo!

Minha vontade era cumprimentá-la, elogiar o desempenho, assim como um time juvenil leva goleada de uma equipe profissional e ainda quer autógrafos ao final.

Hoje absorvi a lição. Nunca mais o amadorismo. Não brigo com a minha esposa sem antes consultar meus comparsas Éverton e José Klein. Formamos a Liga de Justiça. Meus improvisos são bem ensaiados.

Publicado no jornal Zero Hora
Revista Donna, p.6
Porto Alegre (RS), 09/02/2014 Edição N° 17699



Fabrício Carpinejar

27 janeiro, 2014

Um homem visto por uma mulher



Homens precisam passar segurança. Mas não precisa ser forte ou algo assim. Pode ser baixinho, gordinho e com pouco talento em artes marciais. Mas precisa passar segurança ao entrelaçar os dedos na gente como se ali gritasse que tudo vai dar certo. Homens precisam ter um colo paterno, mas saber que não são nossos pais. Homem é um misto de irmão mais velho ciumento, irmão mais novo implicante e primo safado da cidade grande.

Homens têm que chegar no horário e esperar sem reclamar. Esqueça aquela ideia de que mulheres se vestem para outras mulheres olharem. Na verdade, eu demoro horas me arrumando exclusivamente para você. A ideia é que você não olhe para outras mulheres. Homem tem andar do lado de fora da calçada e nos levar em casa sempre. Seja de carro, moto, ônibus, taxi ou a pé. Mas é importante nos levar no portão, assim, por tradição clichê, sabe? As mulheres evoluíram, eu sei. Mas o cavalheirismo não saiu da moda não. E pelo que ando lendo por aí, nunca sairá.

E não confunda cavalheirismo com homossexualidade. Há vários gays mal educados, também. Educação nada tem a ver com orientação sexual. Então, se você abrir a porta do carro, pedir para carregar os pesos e ceder o assento para qualquer mulher ou idoso não te faz um gay assumido. Isso é burrice. Homem tem que ter pegada. Mas não achar que pegada significa arrancar tufos do meu cabelo. Tem que saber apertar meu rabo de cavalo sem tirar nenhum fio dali. Vai por mim, homens que machucam demais na hora da transa não são excelentes bons de cama. Homem tem que ser atencioso, seja para perceber que cortamos dois dedos do cabelo ou para distinguir nossos gemidos de “tente mais um pouco” e de “não para, pelo amor de Deus”.

Não me dê flores, chocolates, ursinhos de pelúcias ou etc. Me dê cartões. Escreva coisas estúpidas e bobas que me farão rir como uma criança. Depois disso, compre flores, chocolates e ursinhos. Você pode me dar um helicóptero todo rosa pink, com minhas iniciais na porta, mas se não tiver um cartãozinho surpresa com teus garranchos, não será a mesma coisa, entende?

Homens não precisam ser um Fred Astaire, mas é importante nos tirar para dançar. Não pela dança, em si, mas pelo ato de nos carregar pela mão pelo salão. Nos exibir por aí como sua maior conquista. Homens que nos amam são ótimos. Mas, melhores ainda são os que têm orgulho de nos amar. Eu não gosto de futebol, mas se você quiser me levar para assistir ao jogo com seus amigos, eu vou gostar, entende? É como te levar para almoçar na casa dos meus avós. Pouco me importa a comida ou algo assim, o que eu quero é te aproximar da minha família e te mostrar aos meus parentes.

Os homens quem leem são mais interessantes. E ser interessante vale mais do que olhos azuis e peitoral malhado. Não seja um chato replicador de frases do Caio Fernando Abreu ou coisa assim. Mas saiba declamar Fernando Pessoa ao pé do meu ouvido como se você mesmo tivesse escrito aqueles versos pensando em mim. É como não saber cantar, mas esforçar-se para cantar aquele refrão bonito dos Los Hermanos e dizer que lembra de mim toda vez que ouve, sabe?

Surpresa sempre são bem-vindas. Seja por um cartão bonitinho ou por aquela trufa de marula que você sabe que sou apaixonada. Entenda que presentes não são o preço que custaram. Como próprio nome já diz, presentes são para fazer presença. Então, cada vez mais que eu fizer presença em tua vida, saberei que faço parte dos teus dias, também.

Em dias nublados, homens têm que sair com casacos mesmo que não esteja sentindo frio. Hormonalmente, mulheres sentem mais frios do que os homens, então o seu casaco extra será importante nesses momentos. Mas não se esqueça de nos abraçar, também. Melhor do que casaco de lã é par de braços perfumados.

Homens precisam ser simpáticos. Mas nada de muito sorrisinho para qualquer vadiazinha em rede social. Nem solícito demais a ex-namoradas. Ter ciúmes é legal. Mas nada em exagero. Implique com meus decotes ou com meus vestidos curtos. Mas como quem cuida, não como quem ordena.

Sorria dos meus ciúmes, mas sem deboche. E me faça sorrir, também. Homens precisam saber nos fazer sorrir – mesmo que não sejam exímios contadores de piada. Mas é de extrema importância nos fazer sorrir. Seja por cócegas, por caretas, por se sujar ao lavar a louça ou por comprar o box de The Big Theory. Mas me faça sorrir. Entendam que a porta do coração das mulheres está nas gargalhadas que ela dá ao seu lado. 

Texto publicado em 22 de julho de 2013 por Hugo Rodrigues

12 janeiro, 2014

Status: Solteira


Pois é, minha gente. Parodiando Vinícius de Moraes, namorar é bom mas é uma merda. Estar solteira é uma merda mas é bom. E entre uma coisa e outra, sair avulsa é como ganhar na loteria, ou perder no jogo do bicho.
A começar pelas companhias. Difícil, na nossa idade (27), achar gente na pegada. Na pegada que eu estou, pelo menos, é raro. Aquela fase da vida em que a maioria está se juntando. Se fosse lá pelos 35 seria mais fácil, porque povo todo se separa.  Mas aos 27 a gente ainda acredita na união eterna. E assim vai.
Tento convencer a minha única amiga solteira (e gata) a sair. Trabalhamos com tudo:
1-    Vamos? É sexta-feira! Sexta é dia de pixta.
Nada.
2-    Ah, falei com um brother e nosso nome é VIP.
Indiferente.
3-    Seu gatinho estará lá.
Pronto.
Por desencargo de consciência, damos aquela olhada no  facebook. O gatinho dela não confirmou. Mas ela vai mesmo assim. Tá dito, tá dito. Porémmm no entanto, aquela tal menina, ex do meu ex, estará lá.
Até pediu para colocar umas amigas na lista.
Putz. Concorrência. Faz parte, foco na produção.
Então uma vai pra casa da outra. Maquila. Fuma. Bebe. Fofoca. Bebe. Seca o cabelo. Às vezes seca debaixo do braço porque clima quente dá pizza. Cigarro. Bebida.
Bebida. Chiclete. Bolsa. Maço de cigarro. Chave de casa. Perfume.
Prontas para a night.
Som no carro. Manobrista. Entramos VIP (nada mais justo). Próxima parada: BAR.
“Gin tônica, por favor”. Gente, gin tônica é o esquema. Melhor custo benefício: barato e bate que é uma beleza.
Opa. Avisto um ex. Ok. Ele nem tá tão bonito. Cara… ele está ficando careca. Poxa, que deprê. 30 e poucos anos e na pista pra negócio – penso- . Coitado. Encalhou. Peraí. Nossa…. ele está com uma mina. Ela nem é tão bonita. Ahh é aquela do instagram. Putz…. ela é charmosa. Tá bom vai…. ela é bonita, tenho que assumir…
Droga.
Vamos fumar um cigarro.
Cola um mala. Chega cumprimentando com beijinho. “Gato, a gente não te conhece”. Ele finge que não entende e desata a falar. Uau, ele é  cheio de personalidade. Nossa…. ele nem é tão mala assim. Recebo um alerta da consciência: “GIN BATENDO, GIN BATENDO”. Hora de dar uma volta.
Está rolando um Talking HeadsMe acho a participante do The Voice na pista: “Psyco Killer, ques que ce: fafafafafaf”.  Estou arrasando com essa letra toda decorada… Eu acho.
Pegamos mais um gin. O gatinho da minha amiga aparece. Cola nela. Ela sorri. Eu finjo que não sabia que de nada. Sorrimos.
Sobrei.
Vou ao banheiro.  É quando entra aquela, ex do meu ex, no toilette. Nos olhamos. Divimos o espelho. A bebida entra, a verdade sai: “Cara, eu deveria te odiar porque você namorou aquele cara. Mas, olha,ele tem bom gosto. É difícil para mim dizer isso, mas você é super bonita”.
Ela me abraça. Falamos mal do passado. Problemas com brochismo, machismo e com aquela mãe que é gorda. “Não dá né? Imagina a genética dos filhos??”
Rimos. Saímos.
Minha amiga pega. Eu pego o gin. Finjo que sou auto-suficente e que o som está ótimo. Mas é mentira.
To forever alone na balada. Snif.
O mala que não era tão mala cola. Pelo menos, alguém para conversar. Recebo a miss simpatia porque não quero ficar só. Mas não vou ficar com ele nem a pau. Ele acha que sim. Isso o mantém por perto.
“Você quer mais um gin?”
Poxa. Ele tá todo assim, oferecendo. Tem como não aceitar?
Bebemos. Fumamos. Dou uma risada ou outra (só para fingir que ele é engraçado). Ele tenta se aproximar e eu escuto: PRE-PARA.
Saída estratégica. Funk pra mim é mais forte que rock. Me jogo no chão. Puxo o mala e vamos pra pista. O mala tenta chegar. Eu desvio. Procuro minha amiga.
“Bora pra casa?”
Ela topa. Ligamos o som no carro. Chego na minha casa. Deito.
Acordo, no dia seguinte, com uma ressaca tremenda. É o momento em que o custo benefício do gin fala mais baixo.
Penso, ainda deitada, em Vinícius de Moraes. Concluo: estar solteira é bom mas é uma merda. Nessas horas, namorar é uma merda, mas peloamor, como é bom!

05 janeiro, 2014

Pare de (se) justificar... Para 2014, para sempre!


Qual o grande problema das pessoas que se justificam?
Tudo tem uma justificativa para elas.
Isso resolve alguma coisa ?
Costumo fazer uma bela diferença entre explicação e justificativa.
Explicação é tentar partir de um fato e conduzir o raciocínio até as causas das causas dele.
Justificativa é a tentativa de tornar aceitável um acontecimento desagradável ao encontrar as suas causas.
Tem coisas que são explicáveis e não justificáveis.
Portanto, não precisa justificar, apenas assumir o que aconteceu.
Esse é um hábito contra o qual relutei. Minha capacidade de me justificar podia deixar qualquer pessoa maluca.
“Fred, esse copo quebrado aqui foi você?”,  e meu impulso inicial era dizer “Sabe o que acontece…”.
Seria mais simples responder, “sim, fui eu, vou repor em breve!”
Fim de papo, sem drama, sem reclamação, sem autopiedade e apenas ação.
Em 2011 me comprometi a extinguir essa mania. Tenho tido bons resultados.
Já percebi também que algumas pessoas desenvolveram requintes nesse hábito.
Fazem alguma coisa e logo comentam a si mesmas: “nossa, que idiota o que eu falei!”
“Sério? Não achei!”
E agora?
O sujeito comentou a si mesmo e tirou o direito de que os outros tivessem as suas próprias opiniões.
Meu amigo Guilherme falou de uma postura sábia de sua mãe quando ele tentou se explicar quando pequeno ao errar um lance no jogo de taco: “Não se explique, filho, apenas jogue!”
Apenas faça, sem falatório, sentimento de culpa, comentários de autodepreciação ou tentativas de justificar o injustificável.
Se fez algo que alguém considerou errado ou maldoso, assuma o que fez, se retrate, repare o estrago da melhor maneira possível e siga em frente.
Todos nós somos tomados vez ou outra por impulsos egocêntricos, admitir isso é sinal de maturidade e não de pequenez.
Tentar justificar uma ação egoísta tentando culpar as circunstâncias é deprimente.
Normalmente fazemos isso, a culpa é sempre de algo que não tem nada a ver conosco.
Isso torna a justificativa algo desagradável, ela tenta tirar a autoria dos fatos. O protagonista tenta mostrar que sua intenção não foi prejudicar o outro e que não pensa só em si mesmo.
Sim, na maior parte do tempo você pensa só em si mesmo. Se você puder fazer um só favor para si mesmo em toda a sua vida é assumir isso, sem justificativa.
Frederico Mattos

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias...



"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.
Para você, desejo o sonho realizado, o amor esperado, a esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida, todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida e gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente.
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos e que sejam desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo a sua felicidade." 


Carlos Drummond de Andrade
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