27 janeiro, 2014

Um homem visto por uma mulher



Homens precisam passar segurança. Mas não precisa ser forte ou algo assim. Pode ser baixinho, gordinho e com pouco talento em artes marciais. Mas precisa passar segurança ao entrelaçar os dedos na gente como se ali gritasse que tudo vai dar certo. Homens precisam ter um colo paterno, mas saber que não são nossos pais. Homem é um misto de irmão mais velho ciumento, irmão mais novo implicante e primo safado da cidade grande.

Homens têm que chegar no horário e esperar sem reclamar. Esqueça aquela ideia de que mulheres se vestem para outras mulheres olharem. Na verdade, eu demoro horas me arrumando exclusivamente para você. A ideia é que você não olhe para outras mulheres. Homem tem andar do lado de fora da calçada e nos levar em casa sempre. Seja de carro, moto, ônibus, taxi ou a pé. Mas é importante nos levar no portão, assim, por tradição clichê, sabe? As mulheres evoluíram, eu sei. Mas o cavalheirismo não saiu da moda não. E pelo que ando lendo por aí, nunca sairá.

E não confunda cavalheirismo com homossexualidade. Há vários gays mal educados, também. Educação nada tem a ver com orientação sexual. Então, se você abrir a porta do carro, pedir para carregar os pesos e ceder o assento para qualquer mulher ou idoso não te faz um gay assumido. Isso é burrice. Homem tem que ter pegada. Mas não achar que pegada significa arrancar tufos do meu cabelo. Tem que saber apertar meu rabo de cavalo sem tirar nenhum fio dali. Vai por mim, homens que machucam demais na hora da transa não são excelentes bons de cama. Homem tem que ser atencioso, seja para perceber que cortamos dois dedos do cabelo ou para distinguir nossos gemidos de “tente mais um pouco” e de “não para, pelo amor de Deus”.

Não me dê flores, chocolates, ursinhos de pelúcias ou etc. Me dê cartões. Escreva coisas estúpidas e bobas que me farão rir como uma criança. Depois disso, compre flores, chocolates e ursinhos. Você pode me dar um helicóptero todo rosa pink, com minhas iniciais na porta, mas se não tiver um cartãozinho surpresa com teus garranchos, não será a mesma coisa, entende?

Homens não precisam ser um Fred Astaire, mas é importante nos tirar para dançar. Não pela dança, em si, mas pelo ato de nos carregar pela mão pelo salão. Nos exibir por aí como sua maior conquista. Homens que nos amam são ótimos. Mas, melhores ainda são os que têm orgulho de nos amar. Eu não gosto de futebol, mas se você quiser me levar para assistir ao jogo com seus amigos, eu vou gostar, entende? É como te levar para almoçar na casa dos meus avós. Pouco me importa a comida ou algo assim, o que eu quero é te aproximar da minha família e te mostrar aos meus parentes.

Os homens quem leem são mais interessantes. E ser interessante vale mais do que olhos azuis e peitoral malhado. Não seja um chato replicador de frases do Caio Fernando Abreu ou coisa assim. Mas saiba declamar Fernando Pessoa ao pé do meu ouvido como se você mesmo tivesse escrito aqueles versos pensando em mim. É como não saber cantar, mas esforçar-se para cantar aquele refrão bonito dos Los Hermanos e dizer que lembra de mim toda vez que ouve, sabe?

Surpresa sempre são bem-vindas. Seja por um cartão bonitinho ou por aquela trufa de marula que você sabe que sou apaixonada. Entenda que presentes não são o preço que custaram. Como próprio nome já diz, presentes são para fazer presença. Então, cada vez mais que eu fizer presença em tua vida, saberei que faço parte dos teus dias, também.

Em dias nublados, homens têm que sair com casacos mesmo que não esteja sentindo frio. Hormonalmente, mulheres sentem mais frios do que os homens, então o seu casaco extra será importante nesses momentos. Mas não se esqueça de nos abraçar, também. Melhor do que casaco de lã é par de braços perfumados.

Homens precisam ser simpáticos. Mas nada de muito sorrisinho para qualquer vadiazinha em rede social. Nem solícito demais a ex-namoradas. Ter ciúmes é legal. Mas nada em exagero. Implique com meus decotes ou com meus vestidos curtos. Mas como quem cuida, não como quem ordena.

Sorria dos meus ciúmes, mas sem deboche. E me faça sorrir, também. Homens precisam saber nos fazer sorrir – mesmo que não sejam exímios contadores de piada. Mas é de extrema importância nos fazer sorrir. Seja por cócegas, por caretas, por se sujar ao lavar a louça ou por comprar o box de The Big Theory. Mas me faça sorrir. Entendam que a porta do coração das mulheres está nas gargalhadas que ela dá ao seu lado. 

Texto publicado em 22 de julho de 2013 por Hugo Rodrigues

12 janeiro, 2014

Status: Solteira


Pois é, minha gente. Parodiando Vinícius de Moraes, namorar é bom mas é uma merda. Estar solteira é uma merda mas é bom. E entre uma coisa e outra, sair avulsa é como ganhar na loteria, ou perder no jogo do bicho.
A começar pelas companhias. Difícil, na nossa idade (27), achar gente na pegada. Na pegada que eu estou, pelo menos, é raro. Aquela fase da vida em que a maioria está se juntando. Se fosse lá pelos 35 seria mais fácil, porque povo todo se separa.  Mas aos 27 a gente ainda acredita na união eterna. E assim vai.
Tento convencer a minha única amiga solteira (e gata) a sair. Trabalhamos com tudo:
1-    Vamos? É sexta-feira! Sexta é dia de pixta.
Nada.
2-    Ah, falei com um brother e nosso nome é VIP.
Indiferente.
3-    Seu gatinho estará lá.
Pronto.
Por desencargo de consciência, damos aquela olhada no  facebook. O gatinho dela não confirmou. Mas ela vai mesmo assim. Tá dito, tá dito. Porémmm no entanto, aquela tal menina, ex do meu ex, estará lá.
Até pediu para colocar umas amigas na lista.
Putz. Concorrência. Faz parte, foco na produção.
Então uma vai pra casa da outra. Maquila. Fuma. Bebe. Fofoca. Bebe. Seca o cabelo. Às vezes seca debaixo do braço porque clima quente dá pizza. Cigarro. Bebida.
Bebida. Chiclete. Bolsa. Maço de cigarro. Chave de casa. Perfume.
Prontas para a night.
Som no carro. Manobrista. Entramos VIP (nada mais justo). Próxima parada: BAR.
“Gin tônica, por favor”. Gente, gin tônica é o esquema. Melhor custo benefício: barato e bate que é uma beleza.
Opa. Avisto um ex. Ok. Ele nem tá tão bonito. Cara… ele está ficando careca. Poxa, que deprê. 30 e poucos anos e na pista pra negócio – penso- . Coitado. Encalhou. Peraí. Nossa…. ele está com uma mina. Ela nem é tão bonita. Ahh é aquela do instagram. Putz…. ela é charmosa. Tá bom vai…. ela é bonita, tenho que assumir…
Droga.
Vamos fumar um cigarro.
Cola um mala. Chega cumprimentando com beijinho. “Gato, a gente não te conhece”. Ele finge que não entende e desata a falar. Uau, ele é  cheio de personalidade. Nossa…. ele nem é tão mala assim. Recebo um alerta da consciência: “GIN BATENDO, GIN BATENDO”. Hora de dar uma volta.
Está rolando um Talking HeadsMe acho a participante do The Voice na pista: “Psyco Killer, ques que ce: fafafafafaf”.  Estou arrasando com essa letra toda decorada… Eu acho.
Pegamos mais um gin. O gatinho da minha amiga aparece. Cola nela. Ela sorri. Eu finjo que não sabia que de nada. Sorrimos.
Sobrei.
Vou ao banheiro.  É quando entra aquela, ex do meu ex, no toilette. Nos olhamos. Divimos o espelho. A bebida entra, a verdade sai: “Cara, eu deveria te odiar porque você namorou aquele cara. Mas, olha,ele tem bom gosto. É difícil para mim dizer isso, mas você é super bonita”.
Ela me abraça. Falamos mal do passado. Problemas com brochismo, machismo e com aquela mãe que é gorda. “Não dá né? Imagina a genética dos filhos??”
Rimos. Saímos.
Minha amiga pega. Eu pego o gin. Finjo que sou auto-suficente e que o som está ótimo. Mas é mentira.
To forever alone na balada. Snif.
O mala que não era tão mala cola. Pelo menos, alguém para conversar. Recebo a miss simpatia porque não quero ficar só. Mas não vou ficar com ele nem a pau. Ele acha que sim. Isso o mantém por perto.
“Você quer mais um gin?”
Poxa. Ele tá todo assim, oferecendo. Tem como não aceitar?
Bebemos. Fumamos. Dou uma risada ou outra (só para fingir que ele é engraçado). Ele tenta se aproximar e eu escuto: PRE-PARA.
Saída estratégica. Funk pra mim é mais forte que rock. Me jogo no chão. Puxo o mala e vamos pra pista. O mala tenta chegar. Eu desvio. Procuro minha amiga.
“Bora pra casa?”
Ela topa. Ligamos o som no carro. Chego na minha casa. Deito.
Acordo, no dia seguinte, com uma ressaca tremenda. É o momento em que o custo benefício do gin fala mais baixo.
Penso, ainda deitada, em Vinícius de Moraes. Concluo: estar solteira é bom mas é uma merda. Nessas horas, namorar é uma merda, mas peloamor, como é bom!

05 janeiro, 2014

Pare de (se) justificar... Para 2014, para sempre!


Qual o grande problema das pessoas que se justificam?
Tudo tem uma justificativa para elas.
Isso resolve alguma coisa ?
Costumo fazer uma bela diferença entre explicação e justificativa.
Explicação é tentar partir de um fato e conduzir o raciocínio até as causas das causas dele.
Justificativa é a tentativa de tornar aceitável um acontecimento desagradável ao encontrar as suas causas.
Tem coisas que são explicáveis e não justificáveis.
Portanto, não precisa justificar, apenas assumir o que aconteceu.
Esse é um hábito contra o qual relutei. Minha capacidade de me justificar podia deixar qualquer pessoa maluca.
“Fred, esse copo quebrado aqui foi você?”,  e meu impulso inicial era dizer “Sabe o que acontece…”.
Seria mais simples responder, “sim, fui eu, vou repor em breve!”
Fim de papo, sem drama, sem reclamação, sem autopiedade e apenas ação.
Em 2011 me comprometi a extinguir essa mania. Tenho tido bons resultados.
Já percebi também que algumas pessoas desenvolveram requintes nesse hábito.
Fazem alguma coisa e logo comentam a si mesmas: “nossa, que idiota o que eu falei!”
“Sério? Não achei!”
E agora?
O sujeito comentou a si mesmo e tirou o direito de que os outros tivessem as suas próprias opiniões.
Meu amigo Guilherme falou de uma postura sábia de sua mãe quando ele tentou se explicar quando pequeno ao errar um lance no jogo de taco: “Não se explique, filho, apenas jogue!”
Apenas faça, sem falatório, sentimento de culpa, comentários de autodepreciação ou tentativas de justificar o injustificável.
Se fez algo que alguém considerou errado ou maldoso, assuma o que fez, se retrate, repare o estrago da melhor maneira possível e siga em frente.
Todos nós somos tomados vez ou outra por impulsos egocêntricos, admitir isso é sinal de maturidade e não de pequenez.
Tentar justificar uma ação egoísta tentando culpar as circunstâncias é deprimente.
Normalmente fazemos isso, a culpa é sempre de algo que não tem nada a ver conosco.
Isso torna a justificativa algo desagradável, ela tenta tirar a autoria dos fatos. O protagonista tenta mostrar que sua intenção não foi prejudicar o outro e que não pensa só em si mesmo.
Sim, na maior parte do tempo você pensa só em si mesmo. Se você puder fazer um só favor para si mesmo em toda a sua vida é assumir isso, sem justificativa.
Frederico Mattos

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias...



"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente.
Para você, desejo o sonho realizado, o amor esperado, a esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida, todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida e gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente.
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos e que sejam desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo a sua felicidade." 


Carlos Drummond de Andrade
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Feliz ano novo.



Foi-se embora mais um ano, 12 meses, mais de 300 dias em que pagamos contas e procuramos lugar pra estacionar. 
Um ano a mais de experiências vividas, um ano a menos de juventude. Um ano a mais de filmes de que gostamos, trabalhos que nos frustraram e pessoas com quem convivemos menos do que gostaríamos.
Tempo consumido em chopes, estradas, telefonemas, suor, tevê e cama. Você envelheceu ou cresceu este ano?
Envelhecemos sentados no sofá, envelhecemos ao viciar-nos na rotina, envelhecemos criando os filhos da mesma forma como fomos criados, sem levar em conta algumas novas necessidades, outras formas de ser feliz.
Envelhecemos passando creme anti-rugas no rosto antes de dormir, envelhecemos malhando numa academia, envelhecemos nos queixando da tarifa do condomínio e achando que todo mundo é estúpido, menos nós.
Envelhecemos porque envelhecer é mais fácil do que crescer. Crescer requer esforço mental. Obriga a tomadas de consciência. Exige mudanças.
Crescer é a anti-repetição de idéias, é a predisposição para o deslumbramento, é assumir as responsabilidades por todos os nossos atos, os bem pensados e os insanos.
Crescer dá uma fisgada diária no peito, embrulha o estômago, tem efeitos colaterais. Machuca. Envelhecer não machuca.
Envelhecer é manso, sereno.
Envelhecer é uma apatia um não-desempenho, um deixa pra lá, vamos ver o que acontece. O que acontece é que você fica mais velho e se considerando tão sábio quanto era anos atrás, anos que se passaram iguais, sabedoria que não se renovou.
Crescer custa, demora, esfola, mas compensa.
É uma vitória secreta, sem testemunhas.
O adversário somos nós mesmos, e o prêmio é o tempo a nosso favor.


Feliz Ano Novo.


Martha Medeiros