12 janeiro, 2014

Status: Solteira


Pois é, minha gente. Parodiando Vinícius de Moraes, namorar é bom mas é uma merda. Estar solteira é uma merda mas é bom. E entre uma coisa e outra, sair avulsa é como ganhar na loteria, ou perder no jogo do bicho.
A começar pelas companhias. Difícil, na nossa idade (27), achar gente na pegada. Na pegada que eu estou, pelo menos, é raro. Aquela fase da vida em que a maioria está se juntando. Se fosse lá pelos 35 seria mais fácil, porque povo todo se separa.  Mas aos 27 a gente ainda acredita na união eterna. E assim vai.
Tento convencer a minha única amiga solteira (e gata) a sair. Trabalhamos com tudo:
1-    Vamos? É sexta-feira! Sexta é dia de pixta.
Nada.
2-    Ah, falei com um brother e nosso nome é VIP.
Indiferente.
3-    Seu gatinho estará lá.
Pronto.
Por desencargo de consciência, damos aquela olhada no  facebook. O gatinho dela não confirmou. Mas ela vai mesmo assim. Tá dito, tá dito. Porémmm no entanto, aquela tal menina, ex do meu ex, estará lá.
Até pediu para colocar umas amigas na lista.
Putz. Concorrência. Faz parte, foco na produção.
Então uma vai pra casa da outra. Maquila. Fuma. Bebe. Fofoca. Bebe. Seca o cabelo. Às vezes seca debaixo do braço porque clima quente dá pizza. Cigarro. Bebida.
Bebida. Chiclete. Bolsa. Maço de cigarro. Chave de casa. Perfume.
Prontas para a night.
Som no carro. Manobrista. Entramos VIP (nada mais justo). Próxima parada: BAR.
“Gin tônica, por favor”. Gente, gin tônica é o esquema. Melhor custo benefício: barato e bate que é uma beleza.
Opa. Avisto um ex. Ok. Ele nem tá tão bonito. Cara… ele está ficando careca. Poxa, que deprê. 30 e poucos anos e na pista pra negócio – penso- . Coitado. Encalhou. Peraí. Nossa…. ele está com uma mina. Ela nem é tão bonita. Ahh é aquela do instagram. Putz…. ela é charmosa. Tá bom vai…. ela é bonita, tenho que assumir…
Droga.
Vamos fumar um cigarro.
Cola um mala. Chega cumprimentando com beijinho. “Gato, a gente não te conhece”. Ele finge que não entende e desata a falar. Uau, ele é  cheio de personalidade. Nossa…. ele nem é tão mala assim. Recebo um alerta da consciência: “GIN BATENDO, GIN BATENDO”. Hora de dar uma volta.
Está rolando um Talking HeadsMe acho a participante do The Voice na pista: “Psyco Killer, ques que ce: fafafafafaf”.  Estou arrasando com essa letra toda decorada… Eu acho.
Pegamos mais um gin. O gatinho da minha amiga aparece. Cola nela. Ela sorri. Eu finjo que não sabia que de nada. Sorrimos.
Sobrei.
Vou ao banheiro.  É quando entra aquela, ex do meu ex, no toilette. Nos olhamos. Divimos o espelho. A bebida entra, a verdade sai: “Cara, eu deveria te odiar porque você namorou aquele cara. Mas, olha,ele tem bom gosto. É difícil para mim dizer isso, mas você é super bonita”.
Ela me abraça. Falamos mal do passado. Problemas com brochismo, machismo e com aquela mãe que é gorda. “Não dá né? Imagina a genética dos filhos??”
Rimos. Saímos.
Minha amiga pega. Eu pego o gin. Finjo que sou auto-suficente e que o som está ótimo. Mas é mentira.
To forever alone na balada. Snif.
O mala que não era tão mala cola. Pelo menos, alguém para conversar. Recebo a miss simpatia porque não quero ficar só. Mas não vou ficar com ele nem a pau. Ele acha que sim. Isso o mantém por perto.
“Você quer mais um gin?”
Poxa. Ele tá todo assim, oferecendo. Tem como não aceitar?
Bebemos. Fumamos. Dou uma risada ou outra (só para fingir que ele é engraçado). Ele tenta se aproximar e eu escuto: PRE-PARA.
Saída estratégica. Funk pra mim é mais forte que rock. Me jogo no chão. Puxo o mala e vamos pra pista. O mala tenta chegar. Eu desvio. Procuro minha amiga.
“Bora pra casa?”
Ela topa. Ligamos o som no carro. Chego na minha casa. Deito.
Acordo, no dia seguinte, com uma ressaca tremenda. É o momento em que o custo benefício do gin fala mais baixo.
Penso, ainda deitada, em Vinícius de Moraes. Concluo: estar solteira é bom mas é uma merda. Nessas horas, namorar é uma merda, mas peloamor, como é bom!

Nenhum comentário:

Postar um comentário